quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Santa Maria merece ...

Quando vi meu nome no listão de Ciências Sociais da UFSM em 1999, fiquei muito feliz. Todavia, a faixa seria: "Bixo Ciências Sociais" ou "Bixo Sociologia"? Um sentimento compartilhado com meus colegas de curso é de que, na maioria das vezes, as pessoas em geral não sabem o que faz um cientista social. Pior: confundem o curso com outro tipo: assistente social. É diferente. Um cientista social pode trabalhar em setores públicos e privados, realizar diversas tarefas e funções em benefício dos grupos sociais. A dificuldade de explicar o que faz ou para que serve o curso de Ciências Sociais reside exatamente nesse fato: é difícil visualizar de imediato onde o profissional atua. Ao final da faculdade, uma surpresa boa foi ver que o cargo de sociólogo era criado pela primeira vez para ser disputado num concurso público realizado pela prefeitura local. Que avanço. Finalmente, a prefeitura irá deixar um sociólogo atuar na administração da cidade. Achei louvável a atitude da "administração popular", sempre acreditei nos propósitos "da esquerda". Porto Alegre tem sociólogos atuando na administração desde 1977. Recife terá 14 sociólogos apenas em uma secretaria. Esses são só alguns exemplos. Um sociólogo na prefeitura tem diversas atribuições. Por saber realizar pesquisa de campo, pode maximizar os recursos da administração pública. Um exemplo é o caso das famílias que moram às margens do Arroio Cadena mesmo tendo recebido casa na Vila Maringá. Se houvesse a atuação de um sociólogo, esse fato não teria ocorrido. O profissional iria antes fazer uma análise do grupo e seus anseios, a prefeitura poderia ter economizado, e as famílias seriam assentadas em outro local condizente com suas necessidades. As atribuições de um sociólogo vão além e podem ser elencadas numa lista infinita. Uma das principais funções é a realização de estudos que visem ao planejamento urbano, a fim de que os conflitos humanos sejam minimizados, parcerias com universidades para pesquisas etnográficas etc. O fato é que já se passaram "anos" do concurso, o prazo está findando e, pior, ainda não chamaram os sociólogos (um que fosse). Falha? Utopia ideológica? Santa Maria merece não ter o seu sociólogo?

Publicado no jornal Diàrio de Santa Maria, 20/06/2007
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