Acompanhando a discussão sobre a implementação de cotas (reserva de vagas para um grupo étnico, no caso os afro descendentes) na UFSM, gostaria de fazer algumas considerações. Uma vez que esta universidade é um importante pólo educacional na região central do Estado. No meu ponto de vista a questão de cotas deveria incluir ou reservar vagas aos menos favorecidos economicamente. Não é a questão racial que declara os mais variados tipos de discriminação e opressão e sim a questão econômica. São os pobres as pessoas mais discriminadas e mais desprovidas de tudo: educação, saúde, trabalho, etc. Os pobres brasileiros são brancos, índios, negros, imigrantes, enfim. Acredito, sinceramente, que quando se elege um determinado grupo para ser contemplado com alguma vantagem estamos necessariamente desconsiderando os outros grupos, estamos praticando discriminação com os demais. É inegável a dívida histórica do Brasil para com os negros, mas será a política de cotas uma solução para começar a “pagar”? E os índios (que igualmente são discriminados e se encontram “as margens” dos seus direitos mínimos de cidadãos), e as mulheres? É inegável que sempre a força de trabalho feminino é geralmente menos valorizada do que a mão-de-obra masculina. E a luta dos imigrantes para se afirmarem enquanto brasileiros? Na verdade somos uma grande mistura étnica, assim se constitui o brasileiro. Segundo Lévi-Strauss (1976), a humanidade caminha para uma mestiçagem cada vez maior. A diversidade cultural e racial é fenômeno natural. A noção totalizante da humanidade é uma constatação muito recente e de expansão limitada. Isso precisa ser constantemente discutido e esclarecido. São os pobres brasileiros que precisam necessariamente ser incluídos no sistema. Será que a educação pública básica fosse de fato de qualidade e abrangente à todos os brasileiros (sejam eles negros, índios, imigrantes, mestiços), necessitaríamos estarmos discutindo política de cotas? Na universidade pública, já tão carente de vagas ?
Andressa da Costa Farias
Cientista social
artigo publicado no jornal A RAZÃO, de Santa Maria-RS. Dia 14/07/2007.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Cadê meu pai? O dia dos pais se aproxima e foi inevitável me dar conta da ausência do meu pai aqui. Será o primeiro Dia d...
-
Escrever é perigoso. Exige coragem. Esta foi a minha conclusão depois de assistir o filme “Contos Proibidos do Marquês de Sade” que foi insi...
-
Eu ainda hoje lembro do barulho do trem. Morava bem próximo dos trilhos que passavam os trens da Viação Ferroviária de Sta Maria/RS. Sempre ...
-
Estava há quase um mês sem acessar redes sociais como facebook e instagram e descobri que não fez falta alguma. O motivo inicial era minha ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário