domingo, 5 de março de 2017
Sobre amor e carnaval !
Algum tempo atrás ouvi a música de Ana Vilela intitulada "Trem-bala" que recebi via áudio pelo celular e que depois viralizou nas redes sociais. Um trecho da canção me sensibilizou profundamente. Era o que dizia "segura o teu filho no colo, sorria e abraça teus pais enquanto estão aqui. Que a vida é trem-bala parceiro e a gente é só passageiro prestes a partir". Pensei imediatamente nos meus pais e o quanto estava afastada fisicamente deles nos últimos tempos. Mudei de estado, de cidade, etc. A partir daquele momento me deu uma vontade imensa de sair correndo para Santa Maria para abraçá-los e dizer o quanto os amo. Não podia, mas lembrei que o carnaval se aproximava. Pedi que eles viessem curtir o feriado na ilha mágica-Florianópolis. Eles vieram. E eu decidi que seria "somente deles" nestes dias. Eu adoro carnaval, mas ficar com meus pais era a parte mais urgente da minha existência. Não sei explicar o porquê. Talvez a música tenha alertado o quanto nossa vida é fugaz e o quanto precisamos vivenciarmos momentos únicos com aqueles que mais amamos. Foram poucos dias. Apenas três, mas que fiz de tudo para proporcionar o que eles não possuem na minha cidade natal: a nossa convivência, banho de mar, a degustação de peixes em restaurantes locais, etc. Sempre admirei muito o amor dos meus pais. Eles são o meu exemplo de casal. Nunca os vi brigar, nunca mesmo. Não é exagero. E as singelas demonstrações de carinho e respeito fazem parte de todos os momentos deles. Nestes dias, na praia, eu via meu pai se preocupar em passar o protetor solar na minha mãe antes mesmo de passar nele. E ela preocupada com a roupa dele, as coisas dele. É lindo de assistir todo este carinho depois de tanto tempo de convivência de ambos, dos filhos, da rotina, do trabalho, e eles chegando na "melhor idade" oferecendo ternura um para o outro. É uma relação admirável diante de tantas relações efêmeras e desrespeitosas vivenciadas no dia a dia. Eles se conheceram no trabalho. Minha mãe era noiva de outro. E meu pai com seu jeito "brincalhão e prestativo" foi conquistando ela aos poucos a ponto dela desistir do compromisso com o outro. E assim seguem uma vida de cumplicidade: da conta bancária conjunta até as senhas diversas que hoje a tecnologia impõe. Tiveram três filhos. E a mais perfeita parceria. Perguntei certa vez para minha mãe o segredo de uma união tão tranquila e amorosa com meu pai. Ela enfatizou ser a amizade conquistada. Eles foram, segundo ela, primeiro grandes amigos e dali surgiu o amor. Tal constatação me fez lembrar do grande e queridinho escritor Mário Quintana que certa vez enfatizou que "a amizade é um amor que nunca morre". Talvez seja este mesmo o segredo. O poeta não se enganaria. E que a alegria do amor verdadeiro triunfe sempre, inclusive no carnaval.
Andressa da Costa Farias- Dê.
****** Publicado no jornal DIÁRIO DE SANTA MARIA como ARTIGO dia 15/03/2017.
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