Pode parecer paradoxal, mas realmente não sinto nenhuma vontade de comparecer na urna no dia de decisão eleitoral. Não me sinto representada (infelizmente) por nenhum dos candidatos. Apesar de o Brasil ter vivenciado anos de ditadura e ter lutado para conquistar a tão sonhada democracia, a representatividade política neste país é uma enorme vergonha. Partidos que poderiam representar a libertação de tantos vícios políticos repetiram os mesmos erros: corrupção, desvio de verbas públicas, troca de favores, etc. Restaram então poucas opções para votar. Nenhuma (infelizmente) me satisfaz. Eu sei de toda importância da representação política. Não poderia me abster deste direito, mas realmente as perspectivas de ambos os lados não são favoráveis. O sentimento é de total perda, descrença e decepção no modo de se fazer política neste país. O que percebo no Brasil, no meu Estado e na minha cidade são graves problemas que direta ou indiretamente atingem a todos: desemprego, pobreza, falta da seguridade social a quem mais necessita, caos na saúde pública, baixos salários de professores e de tantos outros profissionais dignos, greves periódicas de setores públicos como bancos e universidades, enfim. Isto tudo acaba por gerar violência, exclusão, desespero, desamparo. Políticas sérias e políticos éticos certamente seriam uma via de contornar muitos problemas sociais. As políticas públicas são de suma importância para o acesso da população à saúde, educação, transporte, etc. Porém na hora do discurso, da propaganda eleitoral as ideologias propagadas são lindas, as perspectivas são ótimas, parece que tudo será resolvido como mágica. Por isso a minha decepção. Sei que nada disso acontece depois, sei que as decisões e acordos políticos passam por “n” fatores. Enfim, me sinto enganada como cidadã brasileira. Não consigo ter perspectivas com as opções apresentadas por políticos que se dizem éticos e depois de eleitos muitas vezes viram as costas para o povo. Até quando esta passividade brasileira? Até quando elegeremos ou reelegeremos políticos assim? Só me resta votar na utopia. A utopia de acreditar na ética, na verdade e de que um dia se fará realmente política representativa no Brasil. Aquela que olhará para todas as diversidades e se sensibilizará de fato com os graves problemas que assola este povo brasileiro. Este povo de cara alegre e coração triste, porém um povo hospitaleiro, guerreiro. Este povo que merece respeito, que merece dignidade. Voto na esperança. Voto na utopia. Dias melhores, espero.
* Publicado como artigo no Diário de Santa Maria no dia 8 de novembro de 2006. www.diariosm.com.br
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
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