quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Analfabeto Digital

Gostaria de contextualizar a crônica do publicitário Diomar Konrad do dia 07/09/2007 publicada no jornal local "Diário de Santa Maria":Os analfabetos digitais”, segundo meu ponto de vista e considerando pesquisas na área de antropologia do ciberespaço. Tal texto parece demonstrar um grande paradoxo ou incoerência. Podemos definir como “os analfabetos digitais” pessoas que sabem utilizar equipamentos eletrônicos (MP3 e MP4), acessar sites de notícias (retiradas do mundo “real”), criar comunidades “virtuais”, entre outros serviços disponíveis na Internet? Pesquisas sobre o uso do ciberespaço MÁXIMO (1998), GUIMARÃES JR (2000), RIFIOTES (2002) têm demonstrado que as fronteiras on-line e off-line são tênues ou inexistentes. Esta noção de mundo “virtual” como algo separado, diferente, oposto do “real” é uma falácia. A Internet cresce por motivos econômicos e sociais a cada dia no mundo. Há um salto gigantesco do uso deste importante recurso de comunicação, interação, pesquisa e entretenimento. Desde modo, a separação “virtual” e “real” torna-se um equívoco muito grande. É possível afirmar que não há “divórcio” entre on e off-line, uma vez que o on-line é sempre baseado e contextualizado a partir do off-line. Notícias vinculadas, comunidades criadas, interações entre amigos no ciberespaço (on-line) têm como parâmetro o contexto off-line e vice-versa. Isso é fato. Suponho que o autor da crônica quisesse expor seu ponto de vista a partir de uma exemplificação do “mau uso da Internet”, o tempo excessivo gasto na frente do computador, fazendo o “usuário” esquecer de “trabalhar” ou “estudar”. Todavia tal fato pode ser classificado como vício, patologia ou doença. É o mesmo que ocorre com relação ao uso demasiado do celular, dos jogos eletrônicos, do videogame, etc. São pessoas que precisam de ajuda médica e psicológica. Não são “analfabetos digitais”. Considero que a “real” definição de “analfabeto digital” é de pessoas excluídas de um mundo que faz cada vez mais parte desta sociedade, tão complexa. Não é possível que haja, no Brasil, ainda tantos milhões de “analfabetos digitais”. Lutar pelo acesso e democratização da informática e informação (com advento da Internet) é uma questão social. É uma questão de cidadania.

Andressa da Costa Farias

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