segunda-feira, 26 de julho de 2021

 Cadê meu pai?

                O dia dos pais se aproxima e foi inevitável me dar conta da ausência do meu pai aqui. Será o primeiro Dia dos Pais sem ele. E assim, lágrimas (muitas delas) rolaram do meu rosto, da minha alma e do meu coração. Eu sei que estas datas comemorativas são, muitas vezes, clichês comerciais, mas inevitavelmente mexem conosco, pois os veículos midiáticos emergem propagandas de todo tipo “gritando” a importância desta figura primordial na vida de cada um: a presença e a possibilidade de um pai.

                Possibilidade e presença muitas vezes negada na existência de muitos filhos. Há pais ausentes, há pais que julgam que “basta” dar pensão, há pais que nem queriam terem sido pais, há pais duros, rabugentos, mesquinhos, etc. Há toda “sorte” de pais que nem mereciam este título especial. Mas, há felizmente os verdadeiros pais. Aqueles que se preocupam deste a concepção com a vinda do filho. E que são presentes e amáveis. E este tipo de pai eu tive a sorte de ter. Agradeço, primeiramente, a minha mãe pela bela escolha de companheiro de vida. Meu pai nos amou muito. E deixou isso claro de diversas maneiras enquanto ainda existia neste mundo.

                O último dia dos pais lhe presentei com uma cesta de café da manhã. Ele sempre gostou de café e da cor vermelha, do time do “Inter”. Tive o cuidado de pedir para personalizar a cor da xícara para que fosse o encarnado que ele gostava. Estávamos longe fisicamente, mas sempre “conectados” nas mensagens de carinho e amor.  Em setembro e outubro de 2020 tive a felicidade de conviver um pouco com ele. Seriam os últimos dias juntos, pois em dezembro ele partiu deste mundo para sempre. E hoje eu pergunto: cadê meu pai?

                Ele ficou aqui no meu coração, nas minhas lembranças, no aprendizado que passou para mim e para os meus irmãos. Ficou na palavra de incentivo quando voltei a dirigir depois de um tempo sem carro, na presença em muitos aniversários, casamento, comunhão, batizado, crisma, etc. No jogo de cintura que me ensinou diante das adversidades da vida, no gosto pelo humor (quem conviveu com ele sabe que havia sempre um sorriso no rosto). Ficou nos filmes do Mazzaropi que assistimos juntos. No respeito por ter escolhido um time diferente do dele para torcer. No abraço dado enquanto caminhávamos na praia aqui em Santa Catarina. E nos últimos tempos na espiritualidade que me ajudou a desenvolver a partir de sua própria experiência com o divino.

                Enfim, eu procuro o meu pai e sei que ele existe aqui dentro de mim e muitos ecos dele são parte da minha vida, da minha personalidade, da minha essência. Eu queria que todos tivessem pais assim, pais de amor, de verdade e de alma. E que valorizassem a existência deste pai, pois nossa vida é tão fugaz, tão finita, tão imprevisível. Neste dia dos pais e em todos os outros eu procurarei por meu pai e encontrarei aqui dentro do meu coração, da minha alma, lembranças. A assinatura dele, agora meu anjo, está aqui comigo para sempre tatuada no meu braço esquerdo. O lado do coração.

Feliz dia dos pais a todos os pais !

Andressa


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Publicado no jornal Diário de Santa Maria, 08/08/2021



domingo, 28 de fevereiro de 2021

Guimarães Rosa e a pandemia

    Uma das passagens mais bonitas de Guimarães Rosa, na minha opinião, é “ O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. É preciso muita coragem e resistência para “enfrentar” todas as consequências de uma pandemia provocada pela difusão do vírus Covid-19, e agora, suas variantes. Há luto, há dor, há desemprego, há desobediência às normas sanitárias, há desesperança, há desrespeito de todo tipo, há, principalmente falta de consciência social, política e pessoal.
    A pandemia colocou “em xeque” o “correr da vida” do qual menciona Guimarães. A pressa do dia a dia em tempos antes conhecidos como “normais” está ficando cada vez mais no “passado” das lembranças do despertador para acordar, do vestir para sair logo, do café apressado, da necessidade de “pegar a condução” para o trabalho, para a faculdade, para a escola. Parar este ritmo “frenético” do cotidiano foi uma das medidas mais urgentes para “frear” a contaminação do vírus que parece não ter fim. No Brasil já passam de 250 mil mortes até este início de 2021. E mesmo com o surgimento de vacinas a realidade parece não mudar tão cedo. O país “caminha” a passos muito “lentos” na “corrida” da imunização da população. E isso é terrível.
    Terrível, pois há luto por “todo lado”. É impossível atualmente não conhecer uma só família que não tenha ou esteja vivenciando a dor de perder alguém precocemente em virtude desta doença causada pelo Covid-19 ou em decorrência do vírus. Amigos, vizinhos, familiares, todos convivem com a dor. E para além desta dor imensurável do luto, há a dor de perder a estabilidade financeira. O desemprego, a falta de perspectiva econômica é latente. É um efeito “cascata”. Se um setor para, a economia para, todos “param” de alguma forma de contribuir com que o dinheiro circule. E sem circulação de dinheiro não há perspectivas para uma grande maioria de pessoas de “comida” todo dia na mesa. É uma realidade desoladora !
    Realidade que fica cada vez pior com a falta de consciência na medida em que há pessoas que ignoram as regras sanitárias, que egoisticamente estão “aglomerando”, fazendo “festinhas clandestinas”, viajando, não fazendo distanciamento social, não usando a máscara no rosto corretamente, ou pior, nem usando máscara alguma. Não é difícil ver na rua alguém andando sem o principal equipamento de proteção pessoal e social. É um egoísmo sem fim. Há os que ainda não acreditam na ciência. E são estes que indiretamente “matam” todos os dias a esperança de dias melhores. E do fim desta pandemia que parece interminável, ao menos, no Brasil.
    Talvez o escritor mineiro se estivesse vivenciando esta realidade acrescentaria na sua passagem textual que a vida hoje requer mais que coragem, requer consciência , requer uma dose extraordinária de esperança. Para que possamos enxergar um pouco de “luz” nestes dias tão escuros, tão nefastos em que um vírus invisível “lá fora” testa todos os dias nossa resistência e paciência “aqui dentro” do nosso cotidiano.

Andressa da Costa Farias- @andressa3cf (Instagam)

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

A morte na urgência da vida

A gente nunca está preparado (a) para enfrentar a morte. Por mais que seja um fato latente. A gente nunca quer acreditar que de repente quem mais amamos neste mundo, nesta vida, possa deixar de existir.  A morte traz sentimentos angustiantes. A sensação de que jamais veremos materializada a pessoa. Jamais ouviremos sua voz novamente. Não poderemos tocar mais sua mão. Sentir seu perfume. Não é fácil.  Eu sabia que não ia ser fácil suportar a morte, sobretudo do meu pai.

Desde que ele descobriu o terrível câncer linfático, em meados do pandêmico ano de 2020, sempre houve uma esperança. A esperança na ciência, a esperança na medicina, nos médicos, nos remédios, em tudo que fosse possível. Mas, a doença foi “cruel”. Foi dilacerando meu “paizinho” por dentro. Primeiro as quimioterapias, depois a perda do cabelo, do peso, etc. E enfim, um alento no remédio que talvez pudesse “salvá-lo” ou dar mais qualidade de vida para ele já tão debilitado.

Mas, infelizmente o tempo do remédio deu, no máximo, a oportunidade para que convivêssemos um pouco mais com o ser incrível que foi meu pai, Gilceu Roque. Nestes dias do medicamento, ao menos, podemos todos ficarmos reunidos em casa com ele. E mesmo bem doente, magro, debilitado, meu pai nunca deixou de acreditar na vida. Escutamos música juntos, fez churrasco para a família, deu muitas risadas, rezamos juntos. E ainda teve tempo para receber alguns amigos ou parentes ali na área da casa para resguardar o distanciamento social numa época de COVID-19.

O tempo passou. E infelizmente, de repente, o pai piorou muito. As dores voltaram, houve a hospitalização, a respiração ficou agravada e a vida, enfim, ficou por “um fio” que logo foi cortado. Desfeito. Foram quatro angustiantes dias de U.T.I. E a morte venceu a doença. Um dos dias mais terríveis da minha vida foi a realidade de reconhecer seu corpo no hospital de Caridade, em Santa Maria-RS. Porém, este também foi um momento de paz. Eu não sei explicar, mas vi um semblante alegre do meu pai. Naquele momento agradeci mentalmente o ser humano incrível que ele foi para mim, para minha família e para todos que o conheceram. Meu pai sempre tinha um sorriso estampado no rosto. E nunca, nunca mesmo desrespeitou ninguém. Quanto orgulho ficou da passagem dele por este mundo. E que honra poder ter sua “marca” genética no rosto. Sempre que eu me vejo no espelho, lembro um pouco dele.

Então, nestes tempos de morte, desalento, pandemia e tristezas. Fica aqui o meu apelo para a urgência da vida. Para que consigamos focar no mais importante: nas pessoas, nos bons sentimentos, na solidariedade, na elaboração constante de boas memórias nos outros.  A vida mostra-se cada vez mais rara e frágil. E por mais difícil que seja sorrir e seguir em frente. É necessário. Por mim, por ti, por cada um. E por todos que agora são, acima de tudo, nossos anjos. Tal qual meu amado e inesquecível pai.

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 Andressa

****** Publicado no jornal Diário de Santa Maria-RS, em 21/01/2020.







domingo, 12 de julho de 2020

Se o vírus mata, a arte salva

A frase proferida pelo poeta Ferreira Gullar nunca fez tanto sentido como agora "A arte existe porque a vida não basta". Sim, não basta. É preciso que a arte preencha os sentidos, os vazios, as angústias produzidas pela vida, pelo cotidiano, pelo dia a dia para que a esperança se renove. Para que a coragem se renove e não falte. Ainda mais em tempos tão difíceis como os vividos agora, onde o mundo experimenta os dilemas e desafios diante de uma pandemia. O alastramento de um vírus ainda sem controle, o "Covid-19", proliferou pelos cantos do planeta muita morte, e especialmente, no Brasil muito luto, muita dor, desemprego, desesperança, caos e desalento. E é, especialmente nestas situações, que a arte surge para "salvar" um pouco a alma adoecida da humanidade. Se o vírus mata, a arte faz viver. Através da palavra, da música, da dança, da literatura, teatro, audiovisual. E a disseminação da arte é primordial para a crença de que sempre haverá uma saída, uma luz, um caminho. O grande escritor mineiro Guimarães Rosa deixou registrado em algumas passagens do livro "Grande Sertão:Veredas" que "A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem." Sim, a coragem. É tão necessária para viver estas experiências todas. Para dar alento a quem já acha que perdeu "as forças" diante de tamanha injustiça e dor que estes tempos pandêmicos trouxeram. É muito importante percebermos o quanto a arte tem nos salvado. O quanto a poesia, a música, a produção audiovisual, a dança, a escrita nos tiram um pouco da realidade perversa que assola nossos dias. Estar em contato com a arte ou disseminá-la é dar força e esperança para quem já não vê alento algum no horizonte. E por isso, termino este texto brindando a vida e a sensibilidade dos escritores, poetas, artistas, músicos, atores, etc. Ainda bem que estão conosco neste imenso barco do "mundo". Benditas "cigarras" que renovam a canção a cada verão. **************************************************
 Andressa da Costa Farias (Dê).
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 Publicado no jornal Diário de Santa Maria, dia 06/08/2020.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

O vírus cruel e o ano de 2020

Era janeiro ainda. E assisti a notícia de que um vírus assolava a China. Não dei tanta importância. A China parecia tão longe. Não imaginava que o tal “vírus” fosse chegar até o Brasil. Fevereiro a notícia era de que o vírus estava se espalhando para outras regiões. Ainda assim não dei importância. As outras regiões ainda eram “longe” do Brasil. Mas, em março (ou ainda em fevereiro?) o tal vírus “desembarcou” no país. O tão temido “Covid-19” virou uma pandemia mundial. E de repente, um dia fui trabalhar e no outro não podia mais ir. Tudo fechou. E as pessoas se voltaram para suas casas, seus lares, sair na rua precisava ser evitado. O álcool em gel virou produto de primeira necessidade assim como lavar as mãos e usar máscara no rosto. Tudo para que o vírus não se “espalhasse” com velocidade. Para dar tempo de “salvar” mais vidas e não deixar a morte surgir em quantidade sem precedentes. Antes de abril, infelizmente, as mortes começaram a fazer parte do noticiário diário. E talvez sejam potencializadas com o descaso político. A presidência sempre “desdenhou” do tal vírus a ponto de chamá-lo apenas de uma “gripezinha”. E isso desestabilizou a organização de órgãos sérios de saúde, pois nem todo mundo segue as regras para evitar a disseminação do vírus. Ficou “cada um por si”. Prefeitos das mais variadas cidades aplicam ou desaplicam multas em quem descumpre as regras de prevenção. Não está fácil viver assim. Para ninguém. Muitos perderam o emprego. Muitas empresas “quebraram”. O pouco de alguns é o muito de tantos outros. Já em maio o Brasil figurava na lista dos países que mais pessoas perderam a “luta” para o vírus. Uma triste realidade nacional. E uma vergonha mundial. Nenhum desastre aéreo, ambiental ou tragédia urbana conseguiu “ceifar” tantas vidas de uma só vez. São mais de 50 mil vítimas do coronavírus que jamais poderão voltar para suas famílias, amigos e pessoas que são queridas. O luto é perverso e constante para tantos. E em junho constata-se o quase óbvio, mas ainda difícil de ser levado a sério. É muito importante investir sempre em educação, pesquisa acadêmica e tecnologia. A área da saúde e seus profissionais são extremamente relevantes. Agora são os verdadeiros “heróis nacionais”. Muitos estão dando “literalmente” suas vidas para a causa. A escolha política séria e consciente é de extrema importância. É a política que gere os rumos do país e a aplicação do dinheiro público. Fazer escolhas equivocadas pode “arruinar” sonhos, vidas, projetos. E isso é lastimável. Espera-se que em julho, agosto, setembro, outubro, novembro ou dezembro. Ainda neste triste ano de 2020 tenha-se a notícia de uma vacina. Um alento. Uma esperança para que este vírus seja combatido, ou ao menos, controlado. Para que possamos “sair das telas” e partir para o tão sonhado “abraço” real. Mas, enquanto isso não ocorre, o mínimo a ser feito é seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde. E esperar dias melhores. É preciso acreditar que eles virão. ***Andressa (Dê) ************************************************************************************************************** Publicado no jornal Diário de Santa Maria-RS, dia 07/07/2020.

domingo, 9 de junho de 2019

Resistência e Coragem

Participei recentemente da Semana Acadêmica de Letras da UFSC que trouxe como convidado para fazer a abertura do evento o professor e tradutor Marcos Bagno (UnB). Desde que fui apresentada aos seus textos, quando aluna de graduação em Letras na UFSM, tornei-me fã de sua obra cujos livros mais famosos são “Preconceito Linguístico” e “Língua de Eulália”. O autor procura desmistificar certos preconceitos advindos da linguagem ancorado em pesquisas linguísticas e sociais. E que fazem todo o sentido. O auditório estava lotado. Era de se esperar. Não havia mais como sentar e muitos ficaram em pé ou sentaram pelos corredores. Realmente a fala de Bagno sempre gera curiosidade e satisfação, pois é além de linguista é um ativista político. E creio que apresentação da palestra do escritor na UFSC foi um ato de coragem visto os tempos que a universidade vive e a conjuntura atual. O autor desnudou a história linguística do Brasil desde 1500 até a época atual e ficou claro em sua fala e em seu texto de apresentação a formação do português brasileiro “popular”. Houve para tal a influência das línguas africanas e indígenas. Afinal, as terras ditas posteriormente “brasileiras” possuíam uma realidade multilíngue a partir das centenas de línguas aqui já existentes quando da chegada do colonizador branco europeu. No entanto, o assassinato de vários indígenas, a escravização da população negra advinda da África, o processo de evangelização católica e a economia da colônia e posteriormente metrópole brasileira fizeram com que o português fosse adotado como língua hegemônica neste país continental. Todo o panorama histórico desvelado pelo autor foi para contextualizar que a língua está intimamente atrelada ao aspecto social. E que ela jamais será homogênea. Bagno enfatizou que o preconceito linguístico advém, sobretudo, do preconceito social para com certos grupos da população brasileira. Especialmente os grupos sociais constituídos por mulheres não brancas, jovens negros (aliás, o país tem um dos maiores números de assassinatos de jovens negros pobres), indígenas, pobres, homossexuais e transexuais. É cada vez maior os casos de violência doméstica contra a mulher. E outras violências várias. A falta de acesso a educação de qualidade deixa cada vez mais à “mercê” da violência e da falta de proteção social tantos grupos brasileiros. E por este e vários motivos acredito que a educação deveria ser prioridade e não ser constantemente atacada como vem ocorrendo ultimamente no país. E por isso, considerei a fala do Bagno um ato de extrema coragem ao desnudar todas estas malezas que assolam o país e que podem deixar cada vez mais “à mercê” da sorte tantos grupos sociais. Eu presenciei neste ano a alegria de dois vestibulandos que adentraram a universidade pública. As lágrimas de uma jovem negra que a partir da política de cotas entrou no curso de Enfermagem. A primeira da sua família a começar um curso superior. E a de outro jovem que passou para Medicina, mas que se não fosse a cota da escola pública não teria seu sonho realizado. Esta realidade está ameaçada. Resistir a tudo isso é necessário e urgente. Vamos utilizar da língua, seja ela escrita ou verbal, para sermos resistência e coragem. Sempre. Tal como Marcos Bagno. Tal como a UFSC. E tal como a universidade pública (de excelência!) brasileira. *********************************** Andressa da Costa Farias ************************************************** Publicado no Diário de Santa Maria, dia 14/06/2019.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Sobre desconectar-se ...

Estava há quase um mês sem acessar redes sociais como facebook e instagram e descobri que não fez falta alguma. O motivo inicial era minha necessidade de focar na pós-graduação, nos textos finais e prazos a serem cumpridos. E as férias do trabalho também possibilitou isso. Descobri que se “desconectar” um pouco das redes faz com que estejamos menos “antenados” com o que acontece com o outro ou com os outros e conseguimos ficar mais próximos de nós mesmos. Neste tempo eu percebi que li mais, organizei melhor minha vida pessoal, vislumbrei novas possibilidades profissionais, fiquei menos estressada, assisti vídeos da prática de meditação, etc. Não estou advogando pelo não acesso às redes sociais, somente estou fazendo uma reflexão de que, muitas vezes, mesmo sem perceber perdemos muito tempo nelas. Tempo precioso. Tempo que poderia ser melhor aproveitado. Há mérito no acesso de redes sociais quando há objetivos claros. Matar a saudade de um parente ou amigo distante. Vender coisas. Atualizar eventos ou marcar participação neles, etc. O problema é quando fazemos delas nossa “válvula” de escape do mundo real. Quando deixamos de conversar com quem está a nossa frente, quando deixamos de lado nossos afazeres domésticos ou profissionais para ficar de expectador da vida alheia. Quando paramos a todo instante para fazer “selfies” e postar nossa “felicidade” particular. Muitas vezes nem estamos tão felizes assim. Creio que todo mundo deveria fazer esta experiência. Desconectar-se um pouco do mundo virtual da vida privada alheia para se conectar com a própria vida. Há muita beleza no mundo “off-line” que está passando despercebida. A beleza da conversa fiada ao vivo com os amigos. O encontro de domingo com os pais. A paz da leitura silenciosa de um livro bom. Desfrutar com calma de um café recém-passado. Apreciar a chuva no vidro da janela. O abraço apertado de quem temos afeição. E mesmo um beijo apaixonado de quem nos tira “o chão”. E nada disso precisa de likes. Pode ficar registrado para sempre na nossa memória e no arsenal de nossas experiências. Eu sei que as tecnologias e todo o arsenal virtual permeiam nossa vida de modo que não há como “fugir” delas. Talvez este texto você esteja lendo também via recurso digital visto que disponibilizo meus textos no blog pessoal e redes sociais. E isso não é ironia. Todos recursos a nosso dispor devem ser usados em nosso favor. É nisso que queiro chamar atenção. Estipule seu tempo de acesso e tenha mais tempo para si. Mais tempo para o que realmente importa. E para isso é preciso desconectar-se um pouco. ******************************************************************************************************************** Andressa da Costa Farias *********************************************************************************************** Texto publicado no jornal Diário de Santa Maria dia 11 de fevereiro de 2019 na seção artigos.

  Cadê meu pai?                  O dia dos pais se aproxima e foi inevitável me dar conta da ausência do meu pai aqui. Será o primeiro Dia d...