quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O que fazer no novo ano

Todo reinício de ano vem carregado de novas perspectivas, novos planos e novas fases. É uma época de balanços. E de pensar o que podemos fazer para encaminharmos nossa vida da melhor forma possível. Em 2015 eu decidi ser mais solidária e isso fez e está fazendo toda diferença na minha vida. Dizem que o que a gente faz de bom não precisa ser publicizado. Eu discordo. Há tantas coisas ruins no mundo sendo anunciadas exaustivamente que acredito que fazer as outras pessoas saberem de coisas boas pode estimulá-las seguirem o exemplo. É como aquela frase do poeta do RJ “Gentileza, gera gentileza” eternizado na voz e na música de Marisa Monte. O meu maior feito em 2015 foi me fazer presente numa Casa Lar. É um abrigo para crianças e adolescentes que se encontram em situação de risco. A maioria infelizmente foi vítima de violência sexual. Atualmente o lugar está com 18 inocentes entre 2 a 18 anos. Meninos e meninas. Mais meninas. Todos os meses eu levei caixa de leite para eles. Mas, em outubro algo mudou. Foi o pedido de uma menina de 6 anos. Ela disse que gostaria que além de leite eu pudesse levar brinquedos. O argumento dela foi forte “Tia, é que aqui a gente só ganha brinquedo usado.” Aquele pedido ficou ecoando em minha memória. Utilizei da rede social para pedir que mais amigos se solidarizassem com a situação e deu certo. De repente um grupo no whatsapp foi criado com aproximadamente dez amigas solidárias. Conseguimos levar um brinquedo novo junto com um doce para cada criança. Foi uma festa! Uma alegria. Talvez muito mais para nós que para elas. Em dezembro, além do leite conseguimos levar roupas íntimas para cada criança junto com doce. Foi sugestão da mãe social já que isso também é um item necessário para cada uma e que dificilmente ganham. Nesta última visita do ano não saiu da minha cabeça o carinho. Os abraços. A alegria de ver o carro estacionando em frente ao local. As coisas e o leite levado talvez sejam insignificantes diante da certeza de que todo mês estarei lá fazendo uma visita. Mesmo que breve. Fiquei com a imagem da menina A. de três anos dando “tchauzinho” e dizendo “tu volta depois, né tia ?” Eu brinquei que voltava, mas só ano que vem. Ela quis chorar e outra menina consolou “Sua boba, ano que vem é daqui um pouco...”. Daí a menina sorriu. Eu volto. Voltarei. Muitas vezes. Queria carregá-las comigo e distribuí-las num mundo de amor, alegria, conforto e esperança. Esperança de dias melhores. Dias sem violência e abandono. É um sonho. Uma utopia. Mas como escreveu Mário Quintana “Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querê-las...Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas!” Andressa da Costa Farias **** Publicado como artigo no jornal Diário de Santa Maria-RS, no dia 05/01/2016.

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