domingo, 25 de janeiro de 2015

Sobre a sensibilidade e o mar

Em 2008 quando cheguei para morar na ilha de Santa Catarina lembro que o meu maior encanto era ver o mar. E isso independente de estar se “esbaldando” na praia. Eu usava constantemente o transporte público para ir trabalhar e ficava calculando qual seria melhor lugar para sentar e poder direcionar o olhar para o mar. O trajeto previa passagem na avenida Beira Mar Norte. Uma vez uma colega que me acompanhava no trajeto diário riu da atitude. Chegou falar que só quem veio do interior ainda se encantava com o mar, pois quem sempre viveu na cidade, paisagens como aquela já teria sido banalizada. Passaria indiferente ao olhar. Eu fiquei por muito tempo pensando sobre aquilo e hoje já em 2015 cheguei a conclusão que discordo totalmente. Eu discordo por saber que ainda me encanto e muito com a visão do mar. Seja da Beira Mar Norte ou de qualquer outro cantinho da ilha. Pode ser da Praia do Bom Abrigo. Pode ser de Cacupé. E da praia do Matadeiro. Ou ainda através do Parque de Coqueiros. Contemplar a paisagem do mar e da ponte iluminada ao fundo a partir da orla de Santo Antônio de Lisboa numa noite de verão ou de inverno. Acredito que banalidade seria não se encantar com tais paisagens. O encantamento faz parte da sensibilidade e que mundo triste aquele em que as pessoas atoladas pela rotina ou stress do dia a dia não conseguem mais se encantar com nada. Nem com a visão gratuita de uma bela paisagem como a do mar. Cheguei a triste conclusão que quem perdeu o encantamento perdeu um pouco também da vida. Não se encantar com o belo é banalizar a experiência humana no que ela tem de mais sutil: os sentimentos. Somente pessoas sensíveis percebem o que está à frente, mas não se desnuda. E como é necessário que a sensibilidade jamais morra. Jamais pereça. Quem é sensível a uma paisagem, a um sorriso, ao ver uma criança, um idoso, uma idosa, um animal ou qualquer outra presença singela e cheia de vida ou fragilidade faz com que não percamos a esperança num mundo melhor. Mais humano. Mais bonito. Menos cruel. Ser sensível é também ter a capacidade de chorar a dor alheia. E de pedir e clamar por justiça quando há tanta injustiça espalhada na insensibilidade de quem banaliza a violência, banaliza a dor, banaliza o sofrimento. Nada mais causa beleza ao olhar. Nem paisagens magníficas com o a que nos presenteia diariamente a cidade de Florianópolis por ser uma ilha. Eu desejo sinceramente que independente de terem nascido ou não em “Floripa” que as pessoas jamais percam o encantamento ao que é belo, ao que é bonito. Isso para que sejam sensíveis o bastante para fazer coisas boas e reconhecer coisas boas e si e nos outros. Isso encadearia um mundo melhor. E que espíritos sejam renovados. Renovados como quando saímos de um delicioso e refrescante banho de mar. Um brinde ao litoral brasileiro e suas belas paisagens como a do mar de Florianópolis. ********************************************************************************************************************************************************** Publicado como ARTIGO no jornal DIÁRIO DE SANTA MARIA, no dia 03 de fevereiro de 2015.

2 comentários:

Fabrício disse...

Muito bom, amiguinha!
Coincidência eu ler tua postagem bem agora que tabém estou de mudança aí pra Floripa.
É verdade, pois mesmo não tendo o mar, nunca deixei de me encantar com os morros de SM.
abraço

Andressa disse...

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