Na faculdade de Ciências Sociais aprendi o que significava coerção social. É uma força social que define as regras de uma sociedade. É tão forte que faz o imaginário coletivo aprovar certos modos de viver, comportamentos, situações, etc. E quem vai contra a coerção social sofre bastante. Eu lembro da explicação didática proferida nas aulas de Antropologia que a coerção social é como um caminhão que passa na estrada, você não pode pará-lo simplesmente porque quer. Se tentar fazer isso, ele passaria por cima de você fatalmente.
A coerção social é tão poderosa que muitas pessoas tomam certas atitudes por conta da pressão social que sofrem. O casamento é um exemplo. Sei que são muitos os que casam sem amar de fato. O casamento é uma representação forte no imaginário social de felicidade e poder. E sejamos francos: demarca heranças e interesses também. Mas, pensemos nele pelo romantismo que ainda representa no imaginário social. Não é atoa que os romances e novelas sempre acabam em festas de casamento. Pressupõe-se que a partir dele o "casal" unido será "feliz para sempre". Doce ironia ! Mas, este imaginário coletivo construído faz com que seja tão difícíl ir desacompanhada e sozinha em um local público e à noite, por exemplo. A maldade humana e os julgamentos prévios não terão limites.
E é por estas e outras que admiro tanto as personalidades femininas que foram corajosas suficientes para colocarem as suas vontades individuais a frente dos valores sociais pré-determinados coercitivamente. Cito como exemplo Chiquinha Gonzaga (1847-1935). Autora da primeira marcha carnavalesca-"Ô abre alas, 1899". Imagina o escândalo de uma separação conjugal em pleno século XIX !!! Pois ela desafiou a família e abandonou um casamento arranjado e infeliz. Foi viver da sua música já que desde nova demostrou talento para tocar piano. Se torna assim, musicista independente. Sofre todo tipo de preconceito para criar e ter junto de si um dos quatro filhos que teve. E já com 52 anos conhece seu grande amor de verdade- 36 anos mais novo !!!
Neste mês de maio de 2012 foi sancionada a Lei 12.624 que instituiu o Dia Nacional da Música Popular Brasileira, a ser comemorado no dia do aniversário de Chiquinha- 17 de outubro. Ela legitimamente desafiou com ousadia e coragem a coerção social. Ainda bem !!!
http://pt.wikipedia.org/wiki/Chiquinha_Gonzaga
segunda-feira, 28 de maio de 2012
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