quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Seriam lágrimas divinas ?

A água escorreu e ainda desce do céu de Santa Catarina incessantemente por vários dias. Quase dois meses de chuvas. Será que são lágrimas divinas? O resultado é grande tristeza e desolação. Enchentes, mortes e destruição que varrem sonhos e esperanças.
Na grande Florianópolis e no restante de SC, aulas foram suspensas, muitas escolas servem de abrigo para desalojados. Demoro agora 30 minutos a mais que o costume para ir ao trabalho. Atalho forçado por conta dos desmoronamentos de encostas e bloqueio de vias de acesso as Br´s e SC´s. Tenho parentes que estão "sitiados" em Blumenau visto que a cidade está sem luz, água e inundada. Assim como tantas outras cidades catarinenses que estão "alagadas".
Os meios de comunicação veinculam a todo momento notícias de desalento e tristeza das famílias que perderam bens materiais, ou pior, entes queridos. São as vítimas da situação climática de chuvas intensas. Viagens de outros lugares para SC estão com horários suspensos ou regrados.
Nestas horas me questiono se toda esta situação seria vingança da natureza frente ao descaso humano à proteção ambiental. Há como prever estações climáticas atualmente ?
O alento é que o homem busca forças para se "recompor" destas "desgraças" através da solidariedade individual e até governamental. Seriam lágrimas divinas dando o alerta?
Infelizmente, a humanidade, por vezes, tem que aprender por vias tortas que é apenas parte da natureza e não superior à ela.

Andressa.

Violência atinge nosso cotidiano

Geralmente cenas de violência com tiros, gritos, sangue, ameaças ou mortes, policiais, gente correndo ou chorando pareciam figurar apenas na televisão ou nos morros das cidades grande. Infelizmente a violência atinge o nosso cotidiano, independente de lugar. Florianópolis não é exceção.
Nesta semana, final da tarde, supermercado lotado em pleno bairro Coqueiros estava com minha filha de 05 anos e de repente parecia que o mundo estava desabando. Eram estrondos de tiros. Eu só ouvi quando um senhor gritou forte: “Se abaixem”, tumulto, gritaria, pavor, espanto. Só consegui pegar logo a minha filha e correr para os fundos do mercado. Via funcionários gritando, correndo. Uma tremenda aflição. A Gisella quase chorando dizia: “Mãe, estou com medo.”
Não soube exatamente o que aconteceu. O fato é que parece que dois indivíduos de moto efetivaram 02 tiros contra o mercado na tentativa de matar alguém. Não houve morte, mas o susto foi enorme. O trauma também. A violência toma conta da cidade. Não tenho dúvidas.
É notória a falta de segurança em que estamos vivendo. Um caos do estado social que está cada vez mais marginal. Tenho convicções que é preciso mudar muitas coisas. Investir pesado em educação integral de qualidade, sobretudo em áreas mais carentes. Na qualificação e valorização de profissionais como professores e policiais.
Enquanto não acontece isso. Salvem-se quem puder! Todavia não é possível ser normal ir num supermercado e correr risco de morte. Se assim for é porque a violência já venceu e entorpeceu os sentidos. Florianópolis precisa agir e reagir. Imediatamente.

Andressa.

Publicado parcialmente no jornal Diário Catarinense no dia 07/11/08 sob o título "Salvem-se quem puder" na seção "Diário do Leitor" .

sábado, 1 de novembro de 2008

Dicas singelas

Depois de assistir ao filme “Escritores da Liberdade” e de reler os livros “Preconceito Lingüístico” do Marcos Bagno (2000) e “A cor da Língua” de Sírio Possenti (2002) confirmei através destes grandes “nomes” da Lingüística algumas convicções com relação ao aprendizado da língua portuguesa. O filme serviu para refletir que a prática pedagógica só é válida se tem sentido para quem aprende. Todavia, tanto as leituras como o audiovisual enfatizam a importância do ato de leitura.
O audiovisual demonstra de forma surpreendente o que uma professora faz para conseguir o interesse e o resgate do “sentido” do ato de aprender para alunos “especiais”. Especiais porque já não viam sentido na instituição “Escola” visto contexto de violência e exclusão em que se encontravam.
É excepcional também porque mostra que para tal “façanha” a profissional da Educação teve que se submeter a outros “dois” empregos para dar conta do principal: comprar livros para seus próprios alunos. Sim. O ato “mágico” que a professora fez foi simplesmente esse: incentivar a leitura de livros que fizesse sentido para o contexto deles. O primeiro foi “Diário de Anne Frank”. Incentivou eles escreverem seus próprios diários.
Deste modo, conseguiu entender o contexto dos alunos e no final os próprios viraram escritores publicando em conjunto o livro “Escritores da Liberdade”. Muitos romperam o ciclo de violência e exclusão a partir do interesse à leitura e ao ato da escrita .
Bagno “desvenda” os preconceitos lingüísticos que envolvem o país e que faz com que certas pessoas autodeclarem suficientemente “esclarecidas” para “julgar” o que é certo ou errado no ato de “fala” dos falantes da Língua Portuguesa. Infeliz ato uma vez que a língua falada e escrita tem facetas que devem levar em conta o contexto social, local, econômico dos falantes. Mais leitura para “esta gente” e menos “preconceito”. Isso sim!
Possenti defende a importância da leitura (muita, variada, contextualizada) dos professores para seus alunos e dos próprios alunos para si mesmos. Seria mais fácil o aprendizado, inclusive, de outras áreas. A autonomia lingüística ficaria evidente uma vez que quem lê bastante também tem maior segurança para se expressar utilizando a linguagem. Defende também a valorização dos professores. Certamente haveria uma “revolução” na Educação.
Um sonho quase utópico pensar que o ideal mesmo é que vivêssemos uma realidade em que nenhum professor precisasse ter dois ou três empregos para viver dignamente. Que pudessem comprar livros suficientes para incentivar os próprios alunos lerem. Ideal principal de uma educação emancipatória. Precisamos desta realidade. Vejam o filme. Leiam tais livros. Recomendo. Dicas singelas.

Andressa da Costa Farias

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