segunda-feira, 28 de maio de 2012

É preciso coragem !

Na faculdade de Ciências Sociais aprendi o que significava coerção social. É uma força social  que define as regras de uma sociedade. É tão forte que faz o imaginário coletivo aprovar certos modos de viver, comportamentos, situações, etc. E quem vai contra a coerção social sofre bastante. Eu lembro da  explicação didática proferida nas aulas de Antropologia que a coerção social é como um caminhão que passa na estrada, você não pode pará-lo simplesmente porque quer. Se tentar fazer isso, ele passaria por cima de você fatalmente.
A coerção social é tão poderosa que muitas pessoas tomam certas atitudes por conta da pressão social que sofrem. O casamento é um exemplo. Sei que são muitos os que casam sem amar de fato. O casamento é uma representação forte no imaginário social de felicidade e poder. E sejamos francos: demarca heranças e interesses também. Mas, pensemos nele pelo romantismo que ainda representa no imaginário social. Não é atoa que os romances e novelas sempre acabam em festas de casamento. Pressupõe-se que a partir dele o "casal" unido será "feliz para sempre". Doce ironia ! Mas, este imaginário coletivo construído faz com que seja tão difícíl ir desacompanhada e sozinha em um local público e à noite, por exemplo. A maldade humana e os julgamentos prévios não terão limites.
E é por estas e outras que admiro tanto as personalidades femininas que foram corajosas suficientes para colocarem as suas vontades individuais a frente dos valores sociais pré-determinados coercitivamente. Cito como exemplo Chiquinha Gonzaga (1847-1935). Autora da primeira marcha carnavalesca-"Ô abre alas, 1899". Imagina o escândalo de uma separação conjugal em pleno século XIX !!! Pois ela desafiou a família e abandonou um casamento arranjado e infeliz. Foi viver da sua música já que desde nova demostrou talento para tocar piano. Se torna assim, musicista independente. Sofre todo tipo de preconceito para criar e ter junto de si um dos quatro filhos que teve. E já com 52 anos conhece seu grande amor de verdade- 36 anos mais novo !!!
Neste mês de maio de 2012 foi sancionada a Lei 12.624 que instituiu o Dia Nacional da Música Popular Brasileira, a ser comemorado no dia do aniversário de Chiquinha- 17 de outubro. Ela legitimamente desafiou com ousadia e coragem a coerção social. Ainda bem !!!

http://pt.wikipedia.org/wiki/Chiquinha_Gonzaga

sábado, 19 de maio de 2012

Sobre autores, textos e atualização do BLOG

Ter que trabalhar no sábado pela manhã teve suas compensações. Uma foi lembrar que tenho um blog e que pessoas o visitam. Esta alegre constatação partiu do colega de trabalho e professor de Inglês que falou ter deixado comentários neste Blog. Muito envergonhada confessei que não havia ainda notado tal ação. Sinal que precisava atualizar este espaço, este cantinho. E visitá-lo. Afinal, através do Blog já conheci tantas pessoas especiais.
Um dos quais me presenteou nesta semana com um livro muito bom "Caiu na Rede" de Cora Rónai (2006). A autora é jornalista de O Globo e se dedicou a investigar a autoria de diversos textos que circulam pela internet e são atribuídos a autores conhecidos como Martha Medeiros, Luis Fernando Veríssimo e Arnaldo Jabor quando na verdade não o são. Isso tem causado constrangimento aos autores conhecidos e as vezes reconhecimento indevido. A autora entrevista-os no final do livro para darem seus esclarecimentos. Excelente iniciativa. Quantas vezes são repassadas mensagens sem verificarmos realmente a autenticidade e autoria ? A internet é terreno fértil para isso. Infelizmente !
Um dos textos que me chamou a atenção e recebi também nas correntes de internet é "Ode aos Gaúchos" de autor desconhecido e injustamente atribuído a Arnaldo Jabor. Este texto foi e ainda é repassado insistentemente, sobretudo por quem é gaúcho. Eu já recebi inúmeras vezes. E apesar de ser gaúcha não concordo com a mensagem. E não repassei (ainda bem!). Aliás, não gosto de nenhum tipo de texto que exalta as qualidades e manifestações linguisticas e culturais de uma determinada região do Brasil como se fosse melhor que as outras. Jabor confessa que sempre que vai ao RS parabenizam ele pelo texto e isso lhe causa muito desconforto, pois como relatar abertamente que aquela série de elogios ao RS e a atitude de gaúcho não é de sua autoria quando se é elogiado por tal produção textual ? Fato terrível.
O livro faz um alerta muito importante. Não se deve repassar textos que tenham atribuição a autores conhecidos sem checar devidamente a fonte. Isso é no mínimo anti-ético.A autora esclarece que a internet é terreno propício para tal ação e desfazer os equívocos a tempo é bem difícil. Outro caso cérebre é a mensagem "Filtro Solar" atribuída no Brasil ao Pedro Bial quando na verdade surgiu de um discurso aos formandos americados e a autoria pertence a Mary Schimich, do Chicago Tribune.
Mensagens bonitas, engraçadas, importantes podem e devem ser assinadas pelos seus verdadeiros autores. É até criminoso um texto interessante ter o autor retirado em detrimento de outro conhecido para "fazer mais sucesso". É necessário e importante termos cuidado com mensagens, textos e questão de autoria, sobretudo em tempos cibernéticos.  Autores desconhecidos não existem. E se repassar este importante recado cuida para não trocar meu nome no final. Ok ?

Andressa da Costa Farias.

Texto publicado no Jornal Folha de Coqueiros como ARTIGO com o título de "O alerta de Rónai".  Na publicação impressa de Maio/Junho de 2012. Ano XVI nº 152.
www.folhadecoqueiros.com.br

E se ficou com vontade de ler mais sobre o assunto lá vai:
http://livrocaiunarede.blogspot.com.br

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